Um espetáculo ‘normal’ no Leblon
INÉDITO NO BRASIL E INSPIRADO EM FATOS REAIS, ESPETÁCULO “NORMAL”, DO ESCOCÊS ANTHONY NEILSON, REALIZA TEMPORADA DE 25 DE JULHO A 22 DE AGOSTO NO TEATRO PETRA GOLD
Como você sabe o que é normal? Quem determina esta definição? Você e seu comportamento ou o que a sociedade define como padrão?Toleramos monstros ou os criamos? (Ricardo Soares e Fifo Benicasa)
“Um texto relevante neste atual momento do mundo, quando a sociedade julga determinados tipos de comportamento, sem se aprofundar em suas causas e sem perceber as consequências que os julgamentos precipitados ocasionam”, detalha Ricardo Soares, ator,produtor e idealizador da montagem de “Normal”, ao lado de Fifo Benicasa. “Normal” é uma das primeiras peças do autor escocês Anthony Neilson, reconhecido por questionar conceitos não convencionais da sociedade. Um espetáculo inspirado em fatos reais que apresenta uma exploração sombria e cômica dos últimos dias de vida de um dos mais famosos serial killers do século XX: Peter Kurten; mais conhecido como “o vampiro de Düsseldorf”. Com direção de Luiz Furlanetto, tradução de Alexandre Amorim e três atores no elenco (Fifo Benicasa, Ricardo Soares e Nara Monteiro), “Normal” levanta questões sobre o desajuste mental, a violência e suas origens. Depois de sua estreia com grande reconhecimento da crítica, a peça realizará temporada no Teatro Petra Gold, de 25 de julho a 22 de agosto, todas as quintas-feiras às 20h.
“Falamos de uma história que apesar de ser retratada na Alemanha de 1931, é um reflexo da nossa sociedade atual”, pontua Furlanetto.“Conheci esse texto na CAL, num exercício da faculdade. Fiquei completamente fascinado e quis correr atrás dos direitos”, conta Ricardo. Na trama, o público acompanha o jovem advogado Justus Wehner (Fifo Benicasa) em suas investigações sobre Peter Kurten (Ricardo Soares), um serial Killer. Justus pretende provar ao júri que os assassinatos provocados por Kurten são consequência de um desajuste social. As descobertas sobre a família de Peter, sua mulher: Frau Kurten (Nara Monteiro) e suas vítimas montam um quebra cabeça que leva o espectador a repensar o ser humano em sociedade.“Fazer o Wehner é nos levar a refletir sobre a importância da família na criação do ser humano”, revela Fifo.
“Abordar a vida de um serial killer, que até hoje tem sua cabeça exposta no museu “Ripley’s Believe it or Not”, nos leva a refletir se a externalização da violência é nata ou socialmente construída. A monstruosidade de um assassino é um desajuste mental ou a falta de perspectivas familiares, sociais são os condutores para este tipo de comportamento?”, questiona Ricardo. Para o dramaturgo, aquilo que o fascinou no estripador de Düsseldorf não foi tanto o fato de que ele era um assassino, mas a maneira como seu caráter foi predeterminado na infância. Para Nara Monteiro, nada poderia ser mais distante de si do que Frau Kurten: uma ex-presidiária e ex-prostituta; “entretanto, o amor, as dores e as culpas fizeram com que a história dela atravessasse a minha”, detalha a atriz.
O processo para a elaboração do espetáculo está pautado na simplicidade e na criatividade. Foi estabelecido pela direção um clima Noir que permeia cenário (José Dias – Diretor de arte), figurino (Patrícia Tenius), trilha sonora original (João Schmid) e iluminação (Rogério Medeiros).A trilha foi composta especialmente para peça, “são músicas instrumentais com atmosfera densa; toda ruidagem foi pensada e produzida com intuito de trazer mais força e dramaticidade para as cenas; algumas texturas transportam o público para um local ou situação especifica, como exemplo um parque de diversões e um abate cruel de porcos”, conta João Schmid. “Os elementos suspense, terror, loucura, nojo e repulsa muitas vezes se misturam com beleza e naturalidade, costurando as cenas e formando todo desenho sonoro”, finaliza.
“Diante de diversas tentativas de desmonte da cultura e educação, neste momento, ficou muito difícil encontrar empresas que se interessassem em investir num teatro que de alguma forma, vai além do entretenimento. Por este motivo, estamos realizando o espetáculo sem nenhum patrocínio”, pontua Ricardo. “Estamos encarando um cenário cultural em crise e faz-se tão urgente, como inevitável agir, resistir e persistir na coletividade. E nada mais coletivo, afetuoso e empático do que o fazer teatral”, pontua Elaine Moreira, produtora da CultConsult.
Serviço:
Teatro Petra Gold
Endereço: Rua Conde de Bernadotte, nº 26, Leblon
Tel: (21) 2529-7700
Temporada: de 25 de julho a 22 de agosto
Dias e horários: Quintas-feiras às 20h
Estreia: 25 de julho às 20h
Ingressos: R$60,00 (inteira)/ R$30,00 (meia)
Lotação: 430 lugares
Gênero: Drama
Classificação indicativa: 14 anos
Duração: 90 minutos
Normal:
De Anthony Neilson
Tradução: Alexandre Amorim
Direção: Luiz Furlanetto
Elenco: Fifo Benicasa, Ricardo Soares e Nara Monteiro
Direção de arte: José Dias
Figurinos: Patrícia Tenius
Iluminação: Rogério Medeiros
Trilha sonora original: João Schmid
Direção de movimento: Stefano Giglietta
Bonecas: Sonia Maria Vicente Soares
Programação visual: Welton Moraes
Redes sociais: Julie Duarte
Fotos: Pedro Murad
Direção de produção: CultConsult / Elaine Moreira + Cris Rocha
Realização: Fifo Benicasa e Ricardo Soares