Minha terapeuta, Maitê Proença!
Semana passada, após um bate-papo que tivemos no Instagram, recebi, com muita satisfação, o convite da atriz Maitê Proença para ser o único espectador presencial de seu espetáculo solo “O Pior de Mim”. Tendo acompanhado Maitê em belíssimas montagens, como “Confissões das Mulheres de 30”, “À Beira do Abismo Me Cresceram Asas” e “A Mulher de Bath” , eu prontamente não só aceitei o convite, como já fui sabendo que seria um belo programa, visto que Maitê não brinca em serviço quando o assunto é teatro.
Mas mesmo sabendo do que tratava a peça, eu jamais poderia supor que ela fosse me fazer viajar por lugares muito pouco (ou nada) visitados.
Como diz a sinopse, Maitê oferece ao público a reflexão de suas próprias vivências, tocando em temas mais que delicados, e sobre os quais, sem manual de sobrevivência, ela muitas vezes passou por cima.
A atriz vai desfiando de forma absolutamente sensível, e por vezes um pouco ácida, passagens de sua trajetória. E a entrega é tamanha. Aliás, tão intensa, que durante quase toda a encenação a gente se perde entre ‘as pessoas’ física e jurídica de Maitê. A partir de certo momento, já nem interessa mais entender onde termina aquela jovem estudante de Campinas, e onde começa a estrela conhecida em todo o Brasil quase que por um acidente de percurso. O que passa a importar é a busca incessante por uma vida “vivível”, a busca por um conforto mental diante de tantas adversidades apresentadas.
E é aí que a flecha bate na gente. Maitê expõe sua intensa busca por respostas, e faz com que questionemos o que de fato vale à pena. Devemos alimentar as angústias e saboreá-las em todo o seu potencial, na esperança que elas se dissipem, ou podemos virar às costas e sair à francesa diante dos infortúnios apresentados?
As perguntas são muitas. E, independentemente da vivência de cada um, elas chegam. Chegam na hora do luto, chegam naquela traição inesperada, chegam na separação. Elas chegam.
Maitê disse ter percorrido muitos caminhos em busca da tão desejada resposta. Mas o que talvez não tenha percebido é que, após 42 anos de vida pública, dos quais eu acompanhei todos, ela trouxe respostas à infinitas pessoas que nela se espelharam para seguir adiante. Ela serviu de combustível para que muitos erguessem a cabeça e seguissem adiante.
Eu sou um deles.
Sim. Eu também me vi ali, no palco do teatro. Enquanto a atriz se ‘despia’ no palco, eu mergulhava dentro de minhas agruras e procurava respostas. E por vezes achava. E por outras vezes, não.
Mas uma certeza eu tive. Essa incessante busca dos porquês da vida nos leva inúmeras vezes a encontrar respostas em lugares sublimes. E na última sexta-feira (23) isso aconteceu.
E quando isso acontece, alma e coração se abastecem de tal forma, que mesmo na incessante busca, o caminho fica milhões de vezes mais leve.
Léo Uliana
SERVIÇO
O PIOR DE MIM
com Maitê Proença
Direção : Rodrigo Portella
Sextas de outubro e novembro às 20h
INGRESSO ON LINE e PRESENCIAL
https://www.teatropetragold.com.br/programacao/espetaculo/o-pior-de-mim