“Meus Duzentos Filhos” : Uma história que não deve ser esquecida

Quando educar é um propósito de vida acima da própria vida. Esse é o norte do espetáculo “Meus duzentos filhos”, de Miriam Halfim, com direção de Ary Coslov, que estreia dia 2 de novembro no Teatro Municipal Maria Clara Machado, na Gávea (RJ). A peça, estrelada pelo ator Marcelo Aquino, retrata a vida e a obra de Janusz Korczak (1879-1942), médico e pedagogo judeu polonês que fundou o orfanato modelo Dom Sierot, onde trabalhou durante 30 anos e desenvolveu um método pedagógico inovador, até ter a sua trajetória interrompida pelos horrores da guerra e do nazismo, assim como as dos cerca de 200 órfãos que ali aprendiam disciplina, ganhavam instrução e força moral para enfrentar a vida.

 – Quem primeiro me apresentou o texto da Miriam Halfim foi a produtora Maria Alice Silvério. Fiquei fascinado pela vida de Janusz Korczak, sua dedicação a uma causa e todo o impacto que sua trajetória poderia provocar, por se tratar de uma história verídica, repleta de significados e, mais do que tudo, uma história que não deve ser esquecida – fala o diretor Ary Coslov. 

Afirmando que “não existem crianças, existem pessoas”, Korczak esforçava-se para assegurar a elas uma infância despreocupada, mas não isenta de obrigações. Elas deveriam compreender e experimentar emocionalmente situações, tirar conclusões por elas mesmas e eventualmente prevenir prováveis consequências. Rejeição à violência física e verbal, interação educativa entre adultos e crianças, a individualidade de cada criança e o conhecimento de que o processo de desenvolvimento de uma criança é um trabalho difícil eram os elementos de seu método, a Pedagogia do Amor, que influenciou pensadores importantes, como Paulo Freire e Jean Piaget. 

Com a guerra, o orfanato é transferido para o Gueto de Varsóvia. Várias tentativas foram feitas para salvar sua vida, mas ele nunca admitiu separar-se de suas crianças, pois “um pai não abandona seus filhos em momentos difíceis”, repetia sempre.

 Em 1942, Janusz e seus duzentos “filhos” são levados para o campo de extermínio em Treblinka. A marcha é relembrada pela sua dignidade e coragem: ele liderou as crianças e, com elas, embarcou, mantendo-as calmas e tranquilas, protegendo-as acima da própria vida. 

– O processo de construção do espetáculo foi muito especial, começou com leituras abertas da primeira versão do texto escrito pela Miriam, no Midrash. A partir desta experiência direta com o público é que partimos para o processo de ensaio que demandou alguns ajustes e adaptações ao texto original, sempre procurando preservar a essência da dramaturgia. Juntou-se ao processo o trabalho de direção de movimento de Ana Vitória, que foi fundamental para ajudar a definir a linguagem da encenação proposta pelo Ary Coslov, e, por fim, a colaboração de grandes profissionais como Thiago Sacramento, responsável pela edição do material audiovisual, e do sofisticado desenho de luz de Paulo Medeiros – diz Marcelo Aquino. 

O objetivo do projeto é revelar ao público a imagem de Janusz Korczak, médico, pedagogo, escritor de histórias infantis e um ser humano de primeira grandeza, que, infelizmente, é ainda desconhecido para a maioria das pessoas. Além disso, o tema se mostra bastante atual no Brasil e no mundo. 

– A ameaça do totalitarismo está presente nos dias atuais, com tudo de nocivo que isso pode provocar no comportamento do ser humano. É lamentável que o homem não tenha assimilado como deveria as lições deixadas pelo combate ao nazismo. “Meus duzentos filhos” é, entre outras coisas, um contundente sinal de alerta – completa Coslov.

 Além da temporada no Maria Clara Machado, o espetáculo, que estreou em 8 de agosto no Midrash Centro Cultural, prorrogou sua temporada lá até 13 de dezembro, todas as quintas, às 20h30. 

Ao todo, o monólogo já fez 32 apresentações até hoje e foi visto e aplaudido por mais de 2 mil pessoas. 

“Meus duzentos filhos”

Teatro Municipal Maria Clara Machado

Temporada: de 2 até 25 de novembro

Sessões: sextas e sábados, 21h, e domingos 19h

Av. Padre Leonel Franca, 240 – Gávea, Rio de Janeiro

Telefone: (21) 2274-7722

Ingressos: R$ 40

117 lugares

Classificação: 12 anos

Gênero: Drama

Duração: 75 minutos

 Midrash Centro Cultural

Temporada: Até 13 de dezembro

Sessões: Quintas às 20h30

Rua General Venâncio Flores 184, Leblon – Rio de Janeiro

Telefone: (21) 2239-2222

Ingresso – R$ 40 (inteira) / R$ 20 (meia)

42 lugares

Classificação: 12 anos

Gênero: Drama

Duração: 75 minutos

 Ficha Técnica

Texto: Miriam Halfim

Direção: Ary Coslov

Interpretação: Marcelo Aquino

Cenário e trilha sonora: Ary Coslov

Iluminação: Paulo César Medeiros

Figurino: Rosa Ebee

Produção: Maria Alice Silvério

Preparação corporal: Ana Vitória

Assistente de direção: Bernardo Peixoto

Assistente de produção: Mayara Voltolini

Montagem/operação de luz: Renato Lima

Operador técnico: Gabriel Lessa

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