Ivan Vellame estreia o solo ‘Pra chuva’
“Pra chuva” é um monólogo de muitas vozes. As falas, contudo, são resultado direto da experiência deIvan Vellame como ator, escritor, leitor, filho e cidadão. Apresentá-las sozinho em cena, a partir de uma dramaturgia de sua autoria, é também ratificar seu testemunho sobre um tempo presente ainda marcado pela intolerância. Dessa maneira, “Pra chuva” surge como uma voz empática, que apresenta personagens oprimidos por sua sexualidade. O espetáculo estreia dia 7 de janeiro na Casa Rio, em Botafogo, e cumpre temporada até o fim de fevereiro, de segunda a quarta-feira, às 21h.
A peça faz uma costura entre diferentes épocas e examina mudanças comportamentais da sociedade, especialmente em relação à vivência da sexualidade, e nos lembra que o preconceito ainda persiste. Apesar da seriedade do tema, a trama se apoia também no humor para refletir sobre as amarras que nos impedem de sermos quem somos. Intimidade, identidade, coragem e liberdade são palavras que orientam os cinco “personagens-vozes” de Pra chuva (abaixo, leia um pouco mais sobre eles). A alternância entre cenas, revela como eles vivem situações parecidas.
“Infelizmente ainda vivemos numa sociedade extremamente machista, patriarcal, em que as liberdades individuais não têm sua legitimidade respeitadas. É imperativo que se faça entender que a liberdade sexual, falo tanto da vivência quanto do respeito à identidade sexual, integra a própria condição humana. O espetáculo nasce dessa percepção, mesclando vivências minhas com as de pessoas próximas. É assustador pensar que alguém se torna indigno de viver apenas por ser quem se é. Por isso, é tão importante renovar o olhar. Se a gente não faz isso, reforçamos um padrão que não nos faz bem”, enfatiza Ivan. Os primeiros rascunhos do texto, ele lembra, vieram a partir de leituras de Oscar Wilde eVirginia Woolf.
Nessa apropriação de ideias, o ator recriou uma série de verbetes tendo o elemento água – tão caro a um espetáculo chamado “Pra chuva” – como mote. Assim, chega-se a outro caminho para compreender aempatia, essa palavra tão necessária: “Todo mundo tem sede de água. Um copo d’água aproxima. Um banho de chuva aproxima através do inconsciente dois mundos. Quanto mais diferentes os mundos, mais água é preciso, pra que mais forte seja a aproximação. Um copo d’água vira uma tempestade”, propõe a nova definição.
A água da chuva, evocada no espetáculo dirigido por Priscila Vidca, é aquela capaz de purificar, lavar as fronteiras e limpar preconceitos. Nada mais natural que isso seja reforçado no teatro. “O plano inicial era estrear no meio de 2019, mas não sei o que vai acontecer com a cultura no ano que vem. Eu não sei o que vai vir quando o cara assumir. Então, parafraseando o texto, é importante dizer que ‘viver é urgente’. A gente não pode deixar que o medo paralise. É o impacto que dá o impulso para continuar”, frisa.
Serviço
“Pra chuva”
Estreia para o público: dia 7 de janeiro
Temporada: De 7 de janeiro a 27 de fevereiro.
Horário: De segunda a quarta, às 21h.
Local: Casa Rio: Rua São João Batista, 105, Botafogo – 21 2148-6999.
Ingresso: R$30.
Bilheteria:
Duração: 60 minutos.
Classificação etária: Não recomendado para menores de 14 anos.
Ficha técnica
Solo de Ivan Vellame
Direção: Priscila Vidca
Direção de movimento: Lavínia Bizzotto
Cenário: Jackson Tinoco
Figurino: Paula Stroher
Iluminação: Daniela Sanchez
Direção musical e Trilha sonora: Daniel Castanheira
Visagismo: Diego Nardes
Cenógrafo assistente: Felipe Alencar
Programação visual: Julia Sampaio
Fotos: Lorena Lima
Direção de produção: Ivan Vellame
Produção executiva: Ana Beatriz Figueras
Idealização: Ivan Vellame
Realização: Casadipai Produções
Assessoria de Imprensa: Lu Nabuco e Filipe Isensee