E se mudássemos de assunto?
Montagem de texto da premiada Renata Mizrahi cumpre temporada na Casa de Cultura Laura Alvim a partir de 16 de abril. A peça tem direção de Marcos França e poderá ser assistida às terças e quartas, às 20h
Um homem tenta falar com seu parceiro. A conversa não acontece porque o outro está entretido com os aplicativos de seu celular. Lives e check-ins são urgentes, e o diálogo é interrompido constantemente. Numa outra cena, um casal tem dificuldade de rememorar seu primeiro encontro. A tentativa de reavivar a memória resulta numa confusão de lugares, situações e nomes de personagens. Certamente você se identificou com uma dessas (ou ambas) as situações. Os exemplos são apenas dois dos temas sobre os quais a premiada autora Renata Mizrahi joga luz em “E se mudássemos de assunto?”. O texto reúne dez cenas curtas que, em comum, têm como mote a incomunicabilidade nas relações – seja pela falta de atenção, de escuta, de disponibilidade para o outro e, indo mais fundo, a total ausência de diálogo. A peça tem direção de Marcos França e, no elenco, cinco talentosos jovens atores egressos do Centro de Artes de Laranjeiras (CAL). A montagem lotou o Parque das Ruínas no início do ano e poderá ser assistida agora na Casa de Cultura Laura Alvim, espaço da Secretaria de Estado de Cultura/Funarj, onde estreia dia 16 de abril, às 20h, cumprindo temporada até 1º de maio, sempre às terças e quartas-feiras.
A iniciativa da montagem partiu dos cinco atores do elenco, hoje ex-alunos de Marcos França na CAL. Formado o grupo, o passo seguinte foi convidar o diretor para a empreitada. Em comum, o anseio de levarem à cena temas afins à geração na qual estão inseridos. França pensou em Mizrahi, que lhe mostrou não uma peça inédita, mas o conjunto de oito peças curtas. Com as peças-cenas nas mãos, diretor e elenco viram que elas tinham algo em comum – e que esse algo era justamente o que buscavam. Mais do que isso até…
As cenas unem, na sua maioria, dois atores. E tratam do encontro entre personagens que, na realidade, não chegam a se encontrar de fato. Tais encontros requerem certa atenção, e as personagens não dispõem de tal requisito. Há desde o casal decidido a se separar, cujas partes estão aparentemente serenadas, mas que, no avançar da conversa, vêem suas dependências emocionais acirrarem-se, numa metalinguagem teatral. Ainda na seara amorosa, há a mulher que lista ao parceiro argumentos que fundamentam suas incompatibilidades de gênios e estilos. Ela é acertiva; ele, zen. Até que o jogo vira, e a conversa muda de tom.
As cenas todas têm desfechos surpreendentes – sejam eles inusitados, divertidos ou mesmo comoventes. E, ao desenrolarem-se as histórias, algumas das personagens voltam a se esbarrar. Duas delas de forma constante. São eles Martinha e Daniel. Ela é uma vendedora de panos de prato, levemente desmemoriada, que tenta contar sua história — o que não acontece por ser rechaçada por seu interlocutor, que alega não dispor de tempo para ouvi-la. E assim seguem as personagens em seus caminhos, sujeitos a novos (des)encontros. A exemplo de como vivem muitas das pessoas que nos cercam. E – por que não? — nós mesmos.
Serviço:
E se mudássemos de assunto?
Temporada: de 16 de abril a 1º de maio de 2019
Dias e hora: terças e quartas, às 20h
Onde: Casa de Cultura Laura Alvim (Av. Vieira Souto, 176, Ipanema. Tel: 2332-2016)
Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia)
Capacidade: 186 lugares
Duração: 60 minutos
Classificação: 10 anos
Ficha técnica:
Texto: Renata Mizrahi
Direção: Marcos França
Elenco: Daniel de Mello, Giulia Bertolli, Lucas Figueiredo, Ricardo Cuba e Tercianne Melo
Ambientação: Isabella Manhães
Figurinos: Ricardo Cuba
Desenho de luz: João Elias
Trilha sonora: Marcos França
Programação visual: Arthur Röhrig
Assessoria de imprensa: Christovam de Chevalier
Produção executiva: Rafaela Oliveira