‘Crave ou Ânsia’ a partir de hoje no Sesc Tijuca

Obra da dramaturga inglesa Sarah Kane, uma das responsáveis pelo impacto do movimento In-Yer-Face Theatre (na sua cara), estreia hoje (08 de fevereiro), com direção de Cesar Augusto, no Sesc Tijuca.

Em “Crave” há uma mistura de conteúdo emocional extremo e inovação. A estrutura da peça permite a coexistência de variadas camadas de significado; o narrativo, o inconsciente, o emocional e o arquetípico; tornando-a rica principalmente pela sua potência cênica. O espetáculo cumprirá temporada de 08 a 24 de fevereiro, sempre às 20h, no Teatro I do Sesc Tijuca. 

Nesta peça, vista como a mais madura e completa, Sarah Kane consegue renovar os conceitos de dramaturgia, desafiando e conduzindo o elenco aos limites do processo criativo. De um lado, seriedade e sofisticação são propostos pela forma, do outro, o conteúdo enigmaticamente jocoso e vivo é propulsionado por essa forma. Inicialmente a linguagem fragmentada convida os espectadores a jogarem também e, junto aos atores, irem à busca de uma lógica entre pensamentos que não parecem ter sido previamente filtrados. Em suas jornadas independentes e interdependentes, essas lógicas se desvelam e começam a virar movimento; influenciam umas as outras, se permeiam, caminham paralelamente e estão em constante mutação.

Encenar um texto de Sarah Kane é sempre um desafio, e eu adoro desafios. “CRAVE” ou “ÂNSIA” é uma peça que mexe com as bases da dramaturgia, acolhe personagens que nem personagens são, são vozes, são reflexos, são espelhos de uma sociedade. Neste ponto, contemporânea, no caso de Sarah Kane na virada do século XXI. Sarah Kane é um prolongamento da dramaturgia Beckettiana ou de Harold Pinter e nisso o teatro agradece, os atores absorvem, a plateia se indaga e o teatro se faz da melhor forma possível, através da perplexidade, da inconstância e da imprevisibilidade. O teatro inteligente de Sarah Kane é sempre um desafio para quem quer estar presente na sociedade contemporânea. Cesar Augusto, diretor do espetáculo.

Assim como em Beckett e Pinter, que inspiraram “Crave”, o corte realizado com o drama tradicional reflete os anseios contemporâneos. A brutalidade que podemos enxergar ao nos depararmos com a vida, é contrastada com o amor e o humano; e o crescente autoconhecimento proporciona o encontro com a beleza mesmo nas situações mais cruéis. Neste sentido a forma dramatúrgica escolhida não é só forma estética, mas uma necessidade para que se exponha de forma precisa esse paradoxo.

A visão do mundo apresentada em “Crave” se torna ainda mais transparente ao considerarmos o que Sarah propõe como base; os atores são portadores de texto, não personagens. O fluxo de informações não obedece às regras do cotidiano, o que permite que a peça mergulhe no que é aleatório, desconhecido, e como tal impossível de ser justificado racionalmente. 

Os idealizadores se depararam com uma exímia liberdade da autora, conferida por sua vez aos atores, e é a partir dessa liberdade que se desdobram destinos, histórias, escolhas, curvas, bloqueios, desbloqueios, encontros, voltas para si e voltas para o outro. Diante da violência do mundo buscam-se soluções. O texto amplia a visão sobre a vida e as suas dinâmicas, ampliando também o caos e a organização que surgem nesses caminhos, à medida que se procuram novas ferramentas para traçar passos dentro de um imenso labirinto.

SERVIÇOS

Teatro I SESC Tijuca – Rua R. Barão de Mesquita, 539 – Tijuca – RJ

Telefone da Bilheteria: (21) 4020-2101 – funcionamento ter. a sex., 7h às 21h | Sab., dom. e fer., 9h às 18h.

Temporada de 08/02 a 24/02/2019

Horários: De sexta a domingos às 20h00

Duração: 70 minutos

Classificação: 16 anos

Gênero: Pós-dramático

Lotação: 228 lugares

Observações: Vendas na bilheteria do Teatro

Preço dos ingressos: 30,00 inteira / 15,00 meia / 7,50 (associado Sesc)

FICHA TÉCNICA

 

“CRAVE ou ÂNSIA” de Sarah Kane

IDEALIZAÇÃO: Alexandre Galindo e Elisa Barbato

TEXTO: Sarah Kane

TRADUÇÃO: Laerte Mello

DIREÇÃO: Cesar  Augusto

ELENCO: Alexandre Galindo, Elisa Barbato, Maria Adélia e Rogério Freitas

CENÁRIO: Cesar Augusto

ILUMINAÇÃO: Bernardo Lorga

TRILHA SONORA: André Poyart

FIGURINOS: Tiago Cardozo

ASSISTENTE DE DIREÇÃO: João Bernardo Caldeira

PREPARAÇÃO CORPORAL: Toni Rodrigues

PROGRAMAÇÃO VISUAL: Thiago Ristow

DIREÇÃO DE PRODUÇÃO: Alexandre Galindo

PRODUCÃO EXECUTIVA: Elisa Barbato

ASSESSORIA DE IMPRENSA: Duetto Comunicação

REALIZAÇÃO: Alexandre Galindo e Elisa Barbato

 

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