Cacá Carvalho é o “Homem do Subsolo”

O Homem do Subsolo15_Cacá Carvalho_foto Roberto Palermo
Cacá Carvalho tem uma trajetória incomum, um percurso de vida artística único. Teatro, cinema, TV, tudo fez ou faz parte de seu cotidiano. Mas o que o interessa verdadeiramente é perscrutar o homem e sua crise em viver, esse é centro da questão para ele. Por isso agora, ineditamente, ele se debruça no texto Memórias do Subsolo, escrito por Fiódor Dostoiévski e estreia dia 21 de maio (quinta-feira!) às 20h, no Sesc Copacabana-RJ, o seu novo espetáculo, 2 x 2 = 5 O Homem do Subsolo.
   
 Há exatos 21 anos, Cacá Carvalho estreava seu primeiro Pirandello: “O Homem com a Flor na Boca” [1994], depois vieram, “A Poltrona Escura” [2004] e “umnenhumcemmil” [2011]. Portanto, Pirandello sempre foi um autor que o motivou em suas digressões artísticas e filosóficas do fazer teatral.  Agora, com Dostoiéviski em “2 x 2 = 5 O Homem do Subsolo”, Cacá Carvalho quer colocar em cena todo o universo subterrâneo de um homem que abandona o convívio social e tem como bem precioso (e também seu sofrimento), a consciência do significado de estar aqui, entre os vivos, entre os seres humanos.
 
  A equipe com a qual Cacá Carvalho trabalha se mantém a mesma há 27 anos: na direção Roberto Bacci, no cenário e figurino Márcio Medina, na dramaturgia Stefano Geracci e na luz Fábio Retti.
   Essa montagem de 2 x 2 = 5 O Homem do Subsolo é a primeira produção do Teatro della Toscana, uma junção da antiga nomenclatura Fondazione Pontedera com o  atual Teatro de La Pergola, em Firenze, na Itália. Agora o Teatro Della Toscana é um patrimônio cultural em nível nacional, o que significa ser subsidiado pela cidade e ter mais e melhores condições de continuar a fazer as pesquisas cênicas, que há mais de um século realiza, caso do Teatro de la Pergola. Esse espetáculo é uma coprodução da Casa Laboratório para as Artes do Teatro com o Teatro della Toscana e estreou na Itália em fevereiro desse ano.
   
  Segundo o importante crítico italiano Andrea Porcheddu, “… o ator brasileiro [Cacá Carvalho em “2 x 2 = 5 O Homem do Subsolo”] não hesita em atirar-se no jogo de representar visceralmente: arrasta consigo sua máscara pelos abismos – não somente mentais – de Dostoiéviski. De fato, toca também nos extremos de uma “fisicidade” exposta desde o início, tornando-a a seu modo sacra. (…) Ali dentro daquele cenário, ele cava – espião humano desesperado – o protagonista na procura da memória de si, de algum trapo de felicidade, de alguma liberação social e pessoal da hipocrisia e da frustação. Ele está ali, com a sua barriga, com aquele seu corpo evasivo acertando com as contas com o seu passado.
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