DENTRO no CCBB
Um mergulho íntimo na história de cinco gerações de mulheres de uma mesma família, o monólogo DENTRO estreia, em 24 de abril, no CCBB Rio de Janeiro
Dramaturgia de Diogo Liberano com direção de Natássia Vello e atuação de Laura Nielsen, o espetáculo faz parte das comemorações de 10 anos da companhia carioca Teatro Inominável
O Teatro III do Centro Cultural Banco do Brasil recebe, de 24 de abril a 26 de maio de 2019, de quarta a domingo às 19h30, a temporada de estreia do monólogo DENTRO, com dramaturgia de Diogo Liberano, direção de Natássia Vello e atuação de Laura Nielsen. A montagem – que celebra 10 anos de existência da companhia Teatro Inominável – apresenta a história de Leonor, uma mulher de 40 anos que se reencontra com suas falecidas antepassadas para tomar uma xícara de café.
Leonor (Laura Nielsen) acolhe o público na mesma sala de estar onde outrora suas antepassadas viveram, serve café aos espectadores ali presentes e mostra a eles algumas fotografias das mulheres de sua família. Pouco a pouco, instaurando um clima de intimidade com os presentes, a protagonista inicia um mergulho em seu passado buscando compreender melhor a sua própria história. DENTRO apresenta uma reflexão sobre o vínculo – nem sempre visível – entre uma história pessoal e subjetiva e outra mais geral e objetiva, a história oficial dos fatos e acontecimentos culturais, sociais e políticos do Brasil.
Para o diretor artístico e de produção do Teatro Inominável, Diogo Liberano, dramaturgo de DENTRO: “Nesta criação, tocamos em momentos da história do Brasil para compreender melhor o instante que vivemos agora. Para isso, atritamos as histórias individuais dessas mulheres com a história oficial do país. Acreditamos que o encontro dessas narrativas possibilita uma interpretação mais crítica e sensível dos valores e morais que seguem vivos hoje em dia”.
Para compor a narrativa de DENTRO, a atriz Laura Nielsen, a diretora Natássia Vello e a assistente de direção e produtora Clarissa Menezes, fizeram uma vasta pesquisa sobre a história recente do Brasil, mirando os acontecimentos de nosso país pelo ponto de vista da mulher em nossa sociedade. Em paralelo, também compartilharam documentos biográficos de suas famílias numa investigação sobre a ancestralidade. Em parceria com o dramaturgo Diogo Liberano, esses dois temas – ancestralidade e feminino – se misturaram e geraram uma narrativa na qual realidade e ficção estão de mãos dadas.
“Sentimos a necessidade de olhar para a nossa própria história e questioná-la. É fundamental enxergamos os nossos privilégios. Assumir os nossos preconceitos. E também observar e cuidar das nossas fragilidades”, afirma a assistente de direção Clarissa Menezes, que trouxe à dramaturgia textual uma carta escrita em 1944 por seu avô, na qual ele explica para sua futura esposa, avó de Clarissa, como ela deveria se comportar como mulher e sua namorada.
Para a diretora Natássia Vello, “não se trata de contar uma história biográfica nem de transformar os fatos da história, mas de criar histórias. A partir dessa mistura de ficção com dados oficiais da história de nosso país, nos interessou quais reflexões poderiam se abrir”. Essa operação de desvio, que modifica o curso “natural” dos eventos, não é apenas um procedimento utilizado na criação, mas também a própria ação da personagem.
Aos 40 anos, a personagem Leonor desvia a história de suas antepassadas – mãe, avó, bisavó, trisavó e tetravó – ao decidir não se tornar mãe. Para a atriz Laura Nielsen: “ao olhar meu passado e minhas raízes, entendi um pouco mais sobre o meu lugar no mundo. É curioso perceber como repetimos padrões, como nos rendemos à convenções já estabelecidas. A peça busca afirmar o desejo e a potência feminina para além de modelos instituídos”.
Durante o processo de criação, reconheceu-se que cada época determina aquilo que passa a considerar certo ou errado. Porém, ao mirar uma época por uma perspectiva mais vasta e histórica, percebe-se que certo e errado – verdade e mentira – são categorias relativas que estão sempre rendidas pelo momento presente. Ao mergulhar em seu passado e no de suas antepassadas, a protagonista abre questionamentos sobre assuntos que participam da história dessas mulheres, tais como a escravidão, o racismo, a maternidade e a condição de subordinação da mulher em nossa sociedade.
DENTRO é uma criação produzida de maneira independente pelo Teatro Inominável e dá início às comemorações de 10 anos da companhia carioca. Em maio, a performance O NARRADOR de Diogo Liberano, indicada aos Prêmios Cesgranrio e Shell, faz nova temporada na Casa Rio, em Botafogo. Em junho, também no Teatro III e, desta vez com o patrocínio do CCBB, a companhia estreia o monólogo YELLOW BASTARD, com atuação de Márcio Machado, com direção e dramaturgia de Diogo Liberano e direção deste com Andrêas Gatto.
Serviço
DENTRO
Temporada: de 24 de abril a 26 de maio de 2019*
Teatro III do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) – Rua Primeiro de Março, 66 – Centro – Rio de Janeiro/RJ
Telefone: (21) 3808-2020
Dias e horários: de quarta a domingo, às 19h30
Ingressos: R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia-entrada)
Duração: 70 minutos
Classificação indicativa: 14 anos
Funcionamento da bilheteria: de quarta à segunda-feira, das 09h às 21 horas.
* Nas sextas-feiras 26/04, 03/05, 10/05, 17/05 e 24/05, após o espetáculo, haverá um bate-papo junto à plateia, com a presença da equipe de criação do espetáculo, integrantes do Teatro Inominável, além de convidadxs.