Dilemas da mulher contemporânea são debatidos em ‘A Última Cápsula’
De 15 de março a 07 de abril, o Sesc Tijuca recebe o espetáculo ‘A Última Cápsula’. Idealizado e realizado pelo grupo Vendaval Fulminante – formado pela dramaturga Clara Meirelles e pelas atrizes e diretoras Ana Abbott e Raquel Alvarenga – , o trabalho tem a equipe formada majoritariamente por mulheres e é o primeiro espetáculo do grupo, que busca construir uma identidade artística e política a partir do pensamento sobre a condição feminina. A peça foi desenvolvida a partir de uma pesquisa iniciada em 2017, que gerou duas cenas curtas apresentadas em diversos festivais e mostras. O Vendaval Fulminante convidou Chia Rodriguez para a codireção da montagem, que tem supervisão artística de Alessandra Colasanti e direção de produção de Aline Mohamad.
Com uma narrativa que parte do congelamento de óvulos, procedimento que mobiliza cada vez mais mulheres na atualidade, o espetáculo abre para outras possibilidades que a ciência poderá trazer e desenvolve um gênero pouco explorado na cena teatral: a ficção científica. A mesma personagem é vivida pelas atrizes Ana Abbott e Raquel Alvarenga, que se revezam entre o presente ano de 2019 e um futuro longínquo. A estética da encenação caminha para uma atmosfera futurística retrô, contrariando o imaginário comum de um futuro evoluído e prateado. A linguagem cênica e a dramaturgia se utilizam de elementos do absurdo para tensionar dilemas cotidianos em contraponto às novas possibilidades, muitas vezes sobre-humanas e inconsequentes, para as quais a tecnologia aponta.
Com irreverência, leveza, humor e ironia, ‘A Última Cápsula’ brinca com um futuro distópico para levantar temas complexos da nossa atualidade. Tendo como debate central a pressão imposta pelas cartilhas sociais conservadoras e também pelas subjetividades sobre maternidade e seu prazo, a possibilidade do congelamento de óvulos como garantia e adiamento de uma gravidez, o envelhecimento do corpo feminino e a ditadura da beleza, o espetáculo também transita por acontecimentos políticos recentes, a solidão, o caos dos modos atuais de comunicação, a liquidez dos relacionamentos e o vazio provocado pelas novas formas de vínculo afetivo e amoroso.
Acreditando na potência e na importância de se abordar, através da arte, temas urgentes e relevantes ao modo de vida do nosso tempo, seus impactos coletivos e individuais, e as transformações a que estamos acometidos em vertiginosa rapidez, a peça lança luz principalmente às questões da mulher contemporânea e às opressões vividas em uma sociedade patriarcal.
O trabalho investe também na criação cênico-dramatúrgica gradual, promovendo um desenvolvimento paralelo e horizontal entre a dramaturgia, a direção e a criação dos artistas envolvidos. Um processo colaborativo e uma forma dialógica de construção, como uma rede de bordar das mulheres, na resistência do tempo atual.
SERVIÇO
Local: Teatro I – Sesc Tijuca (Rua Barão de Mesquita, 539 – Andaraí. Tel.: 3238-2139)
Horário: sextas, sábados e domingos, sempre às 20h
Ingresso: R$30,00 (inteira) / 15,00 (meia)
Duração: 70 minutos
Classificação: 14 anos
Gênero: comédia de ficção científica
Temporada: de 15/03 a 07/04
FICHA TÉCNICA
Dramaturgia: Clara Meirelles
Colaboração dramatúrgica: Ana Abbott e Raquel Alvarenga
Direção e elenco: Ana Abbott e Raquel Alvarenga
Codireção: Chia Rodriguez
Supervisão artística: Alessandra Colasanti
Direção de arte: Raquel Alvarenga
Cenário e figurino: Desirée Bastos
Cenotécnico: Maranhão e Djavan
Adereços: Bidi Budjonski
Visagismo/Maquiagem: Diego Nardes
Assistente de Visagismo/cabelos: Lucas Souza
Iluminação: Lara Cunha
Trilha Sonora: Marcello H
Projeções: Maria Altberg
Fotos: Elisa Mendes
Assistência de fotografia: Juliana Chalita
Projeto gráfico: Raquel Alvarenga
Assessoria de imprensa: Daniella Cavalcanti
Produção executiva: André Roman e Raquel Alvarenga
Assistência de produção: Naomi Savage
Direção de produção: MS Arte & Cultura / Aline Mohamad
Idealização e realização: Vendaval Fulminante