Antonio dos Santos, o ‘Volta Seca’

Monólogo revela a história do mais jovem cangaceiro do bando de Lampião, preso durante 20 anos. A montagem ocupa a Galeria Marcantônio Villaça do Sergio Porto e estreia dia 09 de junho

O Brasil inteiro conhece os versos de “Olê, mulher rendeira”. Assim como os de “Acorda, Maria Bonita”. O que pouca gente sabe é que o autor desses clássicos é um ex-cangaceiro. Mais exatamente, um remanescente do lendário bando de Lampião, o mais temido líder do Cangaço. O autor em questão é Antonio dos Santos, mais conhecido como Volta Seca, alcunha que ganhou aos 11 anos, quando foi raptado pelo bando de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião. Preso aos 14 anos, Volta Seca ficou detido durante 20 anos. E a história desse cabra será encenada pela primeira vez no Rio de Janeiro.Em “Volta Seca”, o personagem é vivido por Alan Pellegrino, também autor do texto e idealizador da montagem, dirigida por Joelson Gusson. A ambientação, criada pelo próprio Gusson, usa de recursos audiovisuais (cenas do próprio cangaço) a elementos cênicos criados por Analu Prestes, Pedro Grapiúna e Mario Coutinho. A encenação ocupa a galeria branca do Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto, no Humaitá, onde estreia no dia 09 de junho, com sessões de sábado a segunda-feira.

As cantigas criadas por Volta Seca ficariam mais conhecidas (registradas no disco Cantigas de Lampião, inclusive) depois que ele é libertado em 1952, com o indulto de Getúlio Vargas. Enquanto esteve preso, recebia a visita de figuras ilustres como Irmã Dulce (1914-1992), o escritor Jorge Amado (1912-2001) e muitos nomes da imprensa, ávida por decifrar a figura que ela mesma pintaria como “sanguinária”. E essa figura complexa, capaz de produzir belas cantigas e que precisou usar da agressividade para fazer-se respeitar,  que intrigou o ator Alan  Pellegrino, baiano de 34 anos – e nordestino como o personagem.  Ele não só dá vida a Volta Seca como personifica os demais personagens. São nomes como Lampião, o  cangaceiro Corisco, o médico criminalista (que investiga as características de Volta Seca na cadeia), entre outros. Em dois momentos da trama, o ator relembra a própria infância, vivida em Salvador (BA), quando joga luz sobre a violência praticada no país.

O ator sempre soube que o cangaço seria o tema de sua primeira incursão pela dramaturgia. Ao pesquisar o tema a fundo encontrou em Volta Seca o personagem central da narrativa. Tanto por ser um remanescente quanto pela riqueza da sua personalidade. E também por ter entrado para o bando de forma involuntária (ver texto abaixo). A ação se passa na cela ocupada por Volta Seca no dia de sua libertação. E a cenografia de Joelson Gusson empresta à narrativa a aridez sertaneja. O chão é coberto por máscaras rendadas, obra da atriz e artista visual Analu Prestes, especialmente criada  para o espetáculo. O clima fica completo com  ossadas de vacas, por objetos esculpidos pelos artistas Pedro Grapiúna e Mario Coutinho, além de projeções nas paredes de imagens reais do cangaço captadas por Benjamim Abraão.

Ficha técnica:

Idealização, Dramaturgia e Atuação: Alan Pellegrino

Direção e Figurino: Joelson Gusson

Cenário Instalação: Joelson Gusson

Artista Convidada: Analu Prestes

Escultura Lampião: Pedro Grapiúna

Escultura flor de Mandacarú: Mario Coutinho

Assistência de Direção: Luisa Friese

Iluminação: Bernardo Lorga

Preparação Vocal: Jorge Maia

Direção de Produção: Luisa Friese

Assessoria de Imprensa: Christovam Chevalier

Fotografia: Carol Nunes

Realização: Alan Pellegrino e Dragão Voador Teatro Contemporâneo

Serviço:

Estreia: dia 09 de junho, sábado

Dias e hora: de sábado a segunda, às 20h30m

Local: Espaço Cultural Municipal Sergio Porto (Galeria Marcantônio Villaça 1):  R. Visconde Silva, s/nº, Humaitá

Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia)

Capacidade: 30 lugares

Duração: 60 minutos

Classificação: 12 anos

Temporada: de 09 de junho a 30 de julho