À Luz Delas
Documentário “À Luz Delas” conta as histórias jamais exploradas das diretoras de fotografias
Com co-direção de Nina Tedesco e Luana Farias, produção mostra realidade de uma das profissões com menos mulheres no mercado audiovisual mundial
Oito histórias não contadas de grandes nomes do audiovisual nacional ganham destaque no novo documentário “À Luz Delas”, de Nina Tedesco e Luana Farias. Baseado na pesquisa “Mulheres atrás das câmeras: inícios de uma trajetória“, realizada desde 2014 na Universidade Federal Fluminense, a produção explora um dos cenários mais desiguais do audiovisual no mundo – a direção de fotografia.
Através dos resultados do estudo, nasceu o entusiasmo por trás do documentário: “ainda tinha muitas coisas que queríamos entender sobre a trajetória dessas diretoras de fotografia e sobre como elas conseguiram começar e permanecer na carreira”, esclarece Nina. De acordo com dados da Ancine (Agência Nacional de Cinema), de 2016, a área de direção de fotografia é a que menos possui mulheres no Brasil, com cerca de 88% das produções nacionais fotografadas por homens.
Em 72 minutos, o longa narra as trajetórias das diretoras de fotografia Dani Azul (Fragmentos, 2013), Heloisa Passos (Como esquecer, 2010), Jane Malaquias (Danado de Bom, 2016), Joyce Prado (Um corpo no mundo, 2017), Julia Zakia (Guigo Offline, 2017), Kátia Coelho (A Via Láctea, 2007), Luelane Corrêa (MML, 1978) e Martina Rupp (Desculpe o Transtorno, 2016), que precisaram lidar com o preconceito no audiovisual e, em alguns casos, com os desafios de conciliar suas carreiras com a maternidade. “São histórias muito pouco contadas, algumas de um outro momento, que ainda são atuais em termos de dificuldade de entrada, de permanência, acesso e discriminação”, afirma Nina.
Lançado no final de 2019, o documentário é o primeiro a trazer esse questionamento dentro da área cinematográfica. Para Nina, a desigualdade dentro da área ainda é muito forte, mas, com a consciência que está sendo tomada ao redor do mundo, já existe um constrangimento maior pela falta de inclusão de mulheres diretoras de fotografia. “Existe uma sub representação muito grande, que vai aumentando à medida em que o orçamento aumenta também. As mulheres não são chamadas para os filmes de maior sucesso de bilheteria e o único espaço que estava à sua disposição era o cinema independente”, explica.
Em fase de distribuição, é esperado que o documentário seja transmitido em escolas, universidades, cineclubes e em exibições especiais com rodas de debate, para que o tema seja cada vez mais discutido e traga mais conhecimento sobre essa realidade tão desigual.
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